Benzeno existente na gasolina é tóxico, cancerígeno e inflamável

“Self-service” em postos de combustíveis causaria riscos à população – diz Sindicato
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O presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, em um posto de combustíveis de Juiz de Fora.

Conforme “O Combate” noticiou em sua edição anterior, o presidente Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória Nº 1063/2021, publicada no Diário Oficial da União no dia 12 de agosto, dispondo sobre as operações de compra e venda de álcool, a comercialização de combustíveis por revendedor varejista e a incidência da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (impostos) nas referidas operações, e o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) apresentou emenda à referida Medida Provisória implantando o “self-service” nos postos de combustíveis.

Em entrevista a este jornal, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região – SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, afirmou que a proposta de criação, já em 2021, do autoabastecimento nos postos de combustíveis, “além de ameaçar causar mais desemprego em massa no Brasil, jogando ‘no olho da rua’ mais de 500 mil frentistas, também representa riscos para a população, pois como o famoso ‘self-service’ significa que o próprio cliente (em vez do frentista) iria manejar a bomba de combustíveis para abastecer o seu veículo, isso prejudicaria a saúde do povo e geraria muitos transtornos para a população, haja vista que os combustíveis derivados de petróleo possuem benzeno, que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde, é uma substância altamente tóxica e cancerígena, além de altamente inflamável”.

De fato, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “o benzeno é altamente perigoso e pode afetar negativamente a saúde da população e o meio ambiente, quando exposta a esse agente”. A OMS classifica o benzeno “entre os dez maiores problemas químicos para a saúde das pessoas”.

“Contaminação atingiria milhões de pessoas que iriam manejar a bomba”

Uma cartilha do INCA, órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, informa que o benzeno, encontrado na gasolina, “é uma substância altamente tóxica e muito inflamável, que evapora rapidamente, sendo absorvido principalmente pela respiração e pela pele (especialmente se ela estiver ferida)”.

Ainda segundo a cartilha do INCA, denominada “Você sabe o que tem no combustível?”, o benzeno é “um agente químico cancerígeno, relacionado a vários tipos de câncer”.

O site do INCA informa que, devido ao benzeno existente na gasolina, “as queixas mais comuns dos trabalhadores de postos de combustíveis são tontura, dores de cabeça, enjoos, boca seca e olhos irritados”.

Por isso, o presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, ressalta que “há muitos anos as entidades sindicais dos frentistas vêm lutando afincadamente no sentido de conseguir proteção para esses trabalhadores contra os males causados pelo benzeno, mas algumas autoridades de Brasília, em vez de trabalharem na busca de tal proteção, estão querendo (e já estão até tentando) é criar, já em 2021, o autoabastecimento nos postos de combustíveis, o famoso ‘self-service’, que só iria expandir ainda mais a contaminação pelo benzeno, atingindo diariamente milhões de pessoas que iriam manejar a bomba para o abastecimento de seus veículos”.


Riani completa 101 anos

O ex-sindicalista e ex-deputado estadual Clodesmidt Riani completou 101 anos de idade no dia 15 de outubro.

Riani foi o maior sindicalista de toda a História do Brasil, tendo sido presidente da CNTI (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria) e do antigo CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) na década de 60. Era muito ligado ao então presidente da República, João Goulart, razão pela qual foi cassado e preso de maneira injusta e covarde pela ditadura militar que se instalou neste País em 1º de abril de 1964, quando Jango foi derrubado pelos militares golpistas.

Em sua residência, no Centro de Juiz de Fora, Riani construiu um acervo que conta toda a sua história de luta em defesa dos trabalhadores brasileiros.