Campanha salarial dos frentistas Audiência é adiada, mas Sindicatos se reúnem e traçam diretrizes

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O presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini (à esquerda), participando da reunião dos representantes dos frentistas de MG, na sede do SINPOSPETRO-BH, em Belo Horizonte, no dia 17 de julho.

A campanha salarial dos empregados dos postos de combustíveis de Minas Gerais amargou mais uma notícia ruim. É que o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (MINASPETRO) enviou ofício ao Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-MG) pedindo que a audiência designada para o dia 17 de julho fosse adiada para o próximo dia 3 de setembro. Assim, o Juiz Mediador Antônio Gomes de Vasconcelos, que já tinha suspendido por 40 dias a audiência realizada no dia 6 de junho, no Edifício-Anexo II do Tribunal, em Belo Horizonte, designando audiência em continuidade para o dia 17 de julho, suspendeu novamente o feito, remarcando o encontro conciliatório para o dia solicitado pelo Sindicato patronal.

Dessa forma, deverá acontecer só no dia 3 de setembro a 15ª reunião entre o MINASPETRO e as entidades sindicais que representam os empregados dos postos de combustíveis deste Estado, as quais estão tentando há oito meses, em negociações diretas e mediadas pelo Ministério do Trabalho e pela Justiça, o fechamento de acordo com o Sindicato patronal para a celebração da nova Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

Surpreendidos pela decisão que adiou o encontro conciliatório, os Sindicatos que representam os frentistas se reuniram em Belo Horizonte, na sede do SINPOSPETRO-BH, no mesmo dia marcado para a audiência (17 de julho), ocasião em que trataram de diversos assuntos de interesse dos trabalhadores, especialmente o estabelecimento de diretrizes e estratégia de atuação em conjunto nas próximas semanas, dentro da atual campanha salarial da classe e também com vistas à próxima negociação coletiva, que já está chegando, já que a data-base da categoria é 1º de novembro.

O encontro remarcado para o dia 3 de setembro, se ocorrer, será a terceira audiência de tentativa de conciliação designada pelo TRT-MG. A primeira ocorreu no dia 9 de maio; e a segunda, em 6 de junho. Antes disso, o Ministério do Trabalho também tentou várias vezes o fechamento de acordo entre as entidades sindicais dos frentistas e o MINASPETRO para a celebração da nova Convenção, mas foi tudo em vão.

Sindicato patronal radicaliza negociações e cria passivo para os postos de combustíveis – afirma sindicalista

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região – SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, “o Sindicato patronal tem radicalizado muito as negociações, desde o início, em novembro do ano passado, pretendendo, entre outras coisas absurdas, a redução do adicional de hora extra de 70% para 50% e a criação de ‘banco de horas’ de um ano para não mais ser preciso o pagamento de horas extras trabalhadas, pois elas seriam compensadas em outros dias”.

Em seguida, o sindicalista acrescentou: “Ora, isso, convenhamos, é uma incoerência que chega ao cúmulo do absurdo, pois se as horas extras trabalhadas não mais seriam pagas, mas sim compensadas em outros dias, não faz sentido querer a redução do adicional de hora extra de 70% para 50%, o que prova que o Sindicato patronal só quer radicalizar e ‘empurrar com a barriga’ o processo de negociação, criando um passivo muito grande para os postos de combustíveis, que terão de pagar todas as diferenças salariais acumuladas até a celebração da nova Convenção ou prolação de sentença normativa pelo TRT-MG se tivermos de suscitar dissídio coletivo”.

O MINASPETRO oferece reajuste salarial de 1,83%; R$ 2,20 de reajuste na cesta básica de alimentos; e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) das empresas no valor de R$ 330,00. Os representantes dos frentistas afirmam que a contraproposta patronal é “indecente e absurda porque representa mais arrocho nos salários, na cesta básica e na PLR, que já ficou congelada em R$ 660,00 nos últimos três anos”.

No dia 1º de setembro, a data-base da categoria (1º de novembro de 2017) estará completando 10 meses. “Isso nunca havia acontecido neste século. O Sindicato patronal já chegou a demorar seis meses para fechar acordo para celebração de Convenção ou Adendo à CCT, mas dez meses, jamais. Desta vez, a demora já ultrapassou todos os limites, chegando desgraçadamente ao cúmulo do absurdo. Por isso, esperamos que não haja mais delonga no procedimento de mediação criado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) para se tentar a conciliação antes de se suscitar dissídio coletivo, pois os frentistas já estão cansados de esperar pela conclusão desta campanha salarial que já está quase completando um ano” – afirmou Guizellini, acrescentando em seguida: “Com isso, os frentistas deste Estado, que proporcionam lucros fabulosos aos postos de combustíveis derramando diariamente o seu suor em seus locais de trabalho, estão há 17 meses sem reajuste salarial, pois o último aumento dos salários da categoria ocorreu em 1º de março de 2017”.

Indagado sobre os motivos dessa demora, Guizellini afirmou: “Os motivos são muitos, e todos eles causados pelo Sindicato patronal, que só apresenta propostas inaceitáveis na mesa de negociação. Ele é o único causador do atraso das negociações porque, ao longo de todo esse tempo, vem fazendo de tudo para tumultuar, emperrar e atrasar o processo de negociação. Aliás, o Sindicato patronal, mais uma vez, fugiu novamente da mesa de negociação ao pedir o adiamento do encontro marcado para o dia 17 de julho”.

CLIQUE AQUI para ver o documento do TRT-MG adiando a audiência.