INDIGNAÇÃO DO JUIZ MEDIADOR GERA GRANDE TENSÃO NO INÍCIO DA 3ª AUDIÊNCIA NO TRT-MG

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Logo no início da 3ª audiência de tentativa de conciliação da negociação coletiva dos frentistas de Minas Gerais, no dia 3 de setembro, no Edifício-Anexo II do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, em Belo Horizonte, houve um momento de grande tensão.

O Juiz Mediador Antônio Gomes de Vasconcelos se dirigiu ao presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, e lhe disse que havia recebido um boletim da entidade questionando o Juízo Arbitral e o culpando pela demora do processo negocial.

Guizellini, completamente surpreso, porque o Sindicato não fez nenhum boletim nesse sentido, apenas olhou imediatamente para o advogado do SINTRAPOSTO-MG, João Batista de Medeiros, com o objetivo de lhe perguntar se tinha conhecimento disso, já que todos os boletins da entidade são feitos pelo jurista, que é também jornalista.

Esse gesto do sindicalista (apenas olhou para o advogado) deixou muito irritado o Juiz Mediador, que, com os ânimos bastante exaltados, disse que poderia encerrar a mediação naquele momento se os representantes dos frentistas não estivessem gostando do trabalho dele.

O advogado do SINTRAPOSTO-MG afirmou que o Sindicato não fez nenhum boletim nesse sentido e o presidente da entidade confirmou isso. O magistrado pediu às suas secretárias que lhe entregassem o “boletim” recebido do SINTRAPOSTO-MG. Uma de suas secretárias lhe entregou, então, um exemplar do jornal “O Combate”, edição do mês passado.

João Batista de Medeiros esclareceu que “O Combate” não é boletim da entidade, mas sim um jornal independente, fundado em 1952 por seu já falecido pai, Djalma Medeiros, e dirigido há 33 anos por ele, João Batista, que é o único responsável por este veículo de comunicação.

O juiz, então, mandou registrar na ata da audiência a sua indignação com trecho da matéria publicada no jornal “O Combate” que fala dos sucessivos adiamentos da audiência.

Logo após, o magistrado se acalmou e pediu desculpas ao presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini.

Em seguida, João Batista fez questão de deixar bem claro que a referida matéria, escrita por ele, não contém nenhuma insinuação malévola ao trabalho do Juiz Mediador, assinalando que o magistrado adiou, sim, sucessivamente, a audiência de conciliação, mas atendendo a pedido do MINASPETRO – Sindicato patronal.

Assim, terminou o incidente, que havia gerado um profundo mal-estar no ambiente da audiência.

 


O Brasil, os políticos, o militarismo e a corrupção

Quem conhece a História do Brasil sabe que a corrupção neste País não começou, como algumas pessoas costumam dizer, com integrantes do PT – Partido dos Trabalhadores. Ela mora aqui já há séculos. Talvez tenha começado quando Cabral descobriu o Brasil (vale lembrar que, não faz muito tempo, Cabral, ex-governador do RJ, também foi descoberto… na prática de corrupção). Os portugueses ofereciam aos índios espelhos e outras coisas para eles traírem suas tribos.

Nero, imperador romano, botou fogo em Roma e jogou a culpa nos cristãos. Hoje, muitos inimigos da Democracia incendeiam o Brasil com suas mentiras, culpando o PT por todas as mazelas deste País como se antes do governo Lula não tivesse existido nada de ruim no Brasil. Bolsonero é um dos que falam isso. Ora, o que há de ruim no Brasil é resultado e consequência dos mandos e desmandos de inúmeros políticos e militares golpistas, incompetentes e corruptos que durante séculos prejudicaram o nosso País.

Não quero defender os petistas, mesmo porque não tenho procuração para isso, mas a verdade (os fatos estão diariamente no noticiário) é que eles, pelo menos, não sabem roubar, pois quando roubam são pegos e punidos. Outros políticos sabem roubar, pois roubam e não são apanhados. Ficam impunes.

O grande advogado, jornalista e político Rui Barbosa, tido e havido como “o maior brasileiro vivo” no século passado, ficou tão revoltado com a corrupção no seu tempo, séculos XIX e XX, que escreveu: “De tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O Presidente Getúlio Vargas, horas antes de morrer, em 24 de agosto de 1954, escreveu na sua carta-testamento: “Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano”.

Isso mostra que havia muita corrupção também naquele tempo. Tanto que levou o jornalista Carlos Lacerda a escrever na “Tribuna da Imprensa” no início dos anos 50: “Somos um povo honrado governado por ladrões”.

A corrupção grassava por toda parte naquela época. Exatamente como acontece ainda hoje. A diferença é que hoje muitos corruptos estão pagando por seus crimes. Antigamente, todos ficavam impunes. A Polícia não podia chegar nem perto dos poderosos para investigá-los. Bastava um telefonema de um político para outro político ou militar para que a autoridade policial fosse impedida de agir no combate à corrupção.

Hoje ainda tem muita gente impune. Infelizmente. Mas muitos corruptos estão sendo punidos. Graças à ação séria, inteligente e competente da Polícia, do Ministério Público e da Justiça. Felizmente. Para o bem de todos nós e felicidade geral da Nação. E consolidação do nosso Estado Democrático de Direito. Viva a Democracia!

Mas, infelizmente, na presente sucessão presidencial, a nossa Democracia está correndo novamente sério risco por causa de uma candidatura militar, militarista e militarizada. A nossa República nasceu assim, ou seja, nasceu militar, militarista e militarizada, com o marechal Deodoro da Fonseca sendo o primeiro presidente; e o marechal Floriano Peixoto, o segundo. Os dois fracassaram como governantes. É o que conta a História.

Em 1910, na eleição “a bico de pena” (“cartas marcadas”), o marechal Hermes da Fonseca (sobrinho do Deodoro) venceu o grande Rui Barbosa, que empolgou o Brasil com sua formidável Campanha Civilista e certamente teria feito o nosso País progredir 40 anos em 4. O marechal Hermes foi um fracasso completo como presidente. Grande e respeitado militar, mas pífio e fracassado governante.

Em 1930, com Getúlio Vargas e outros políticos golpistas, os militares tomaram o Poder e mandaram e desmandaram durante 15 anos.

Em 1964, com o general Mourão e outros militares e políticos golpistas, novamente os militares tomaram o Poder e mandaram e desmandaram durante 21 anos.

Não tenho nada contra os militares. Pelo contrário, respeito e admiro todos eles como integrantes das importantes instituições chamadas de Forças Armadas e Polícia Militar. Mas não gosto de militares golpistas porque sou legalista, ou seja, a favor da legalidade, do império das leis. E acho que o nosso País tem de andar para frente e não para trás. Chega de militarismo no governo deste País. O resultado (o que há de ruim hoje no Brasil) prova que o militarismo no governo não deu certo. Se o militarismo no governo fosse bom, o Brasil seria uma grande potência mundial, porque o militarismo “governou” este País durante muito tempo.

Vale a pena recordar a nossa História. O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, cadeira nº 3 da Academia Brasileira de Letras, falecido em 05-01-2018, escreveu excelente artigo no extinto jornal Correio da Manhã três dias depois do golpe militar de 64. Título do histórico artigo: “Revolução dos Caranguejos”. Trecho que vale ainda hoje para os que querem trazer de volta o Brasil do século passado (República militar, militarista e militarizada): “O Brasil não é um quartel de oito milhões de quilômetros quadrados. Quadrados são os que desejam fazer do País um prolongamento do quartel”.

JOÃO BATISTA DE MEDEIROS
Advogado e diretor do jornal “O Combate”