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Há muitos anos, a Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região – SINTRAPOSTO-MG vem fornecendo, sempre no início de cada ano, vários artigos de material escolar a seus associados. “Dessa forma, a direção do Sindicato, preocupada com a difícil situação financeira vivida pelos trabalhadores de baixa renda, sempre contribuiu, dentro de suas possibilidades, para aliviar um pouco o fardo pesado que os associados da entidade sempre carregam na área educacional” – afirma o presidente do SINTRAPOSTO, Paulo Guizellini.
Segundo ele, “desta vez, no entanto, assim como no ano passado, o Sindicato quase não conseguiu realizar esta obra por causa da terrível crise que os Sindicatos trabalhistas de modo geral ainda estão sofrendo em decorrência do arrocho imposto nos últimos anos pelo governo federal, mas, felizmente, ainda conseguimos driblar esse arrocho do governo anterior que quase inviabilizou a maioria dos Sindicatos trabalhistas e, graças a Deus, apesar da assustadora crise econômica e social causada pelo governo anterior e cujos efeitos ainda vêm atormentando o nosso Brasil, conseguimos adquirir o material escolar”.
Assim, para incentivar os filiados do SINTRAPOSTO a estudarem e ajudá-los na manutenção de seus filhos na escola, o Sindicato, a exemplo dos anos anteriores, doou recentemente vários artigos de material escolar a todos os seus associados que se inscreveram para tal. “Esta é a forma que encontramos, já há muitos anos, para ajudar os nossos companheiros trabalhadores e seus filhos a estudarem e, neste momento tão difícil que o Brasil ainda vive, quando a crise econômica ainda assola o nosso País, sendo que os estudos e o material escolar estão realmente muito caros, esta doação se faz ainda mais necessária e imprescindível” – assinala Guizellini.
Em seguida, ele acrescentou ter ficado muito satisfeito com o fato de o Sindicato ter podido dar a sua parcela de colaboração “modesta, mas espontânea, de boa vontade e de coração”, para amenizar um pouco a luta de seus associados na área educacional.
Segundo Guizellini, a Diretoria do SINTRAPOSTO achou por bem “bater de frente com o arrocho imposto pelo governo anterior e fazer tal distribuição de material escolar para que os filhos dos frentistas, ou mesmo os frentistas que queiram estudar, possam frequentar as salas de aula, aprendendo mais e adquirindo qualificação profissional cada vez melhor, sem gastarem dinheiro com material escolar”.
Trabalhadores conquistaram direitos com muita luta, garra e união
Se hoje os trabalhadores brasileiros têm alguns direitos, isso se deve, em grande parte, aos corajosos operários que no passado lutaram acirradamente por melhores condições de vida e de trabalho através da luta sindical.
Os direitos trabalhistas não caíram do céu, nem foram dados generosamente por nenhum governante ou patrão bonzinho. Foram, isto sim, conquistados com muitas dificuldades pelos próprios trabalhadores que combateram com muita garra os patrões exploradores e lutaram com unhas e dentes nas manifestações operárias e sindicais, que muitas vezes custaram a vida de vários trabalhadores.
No início do século passado, os 150 mil operários que havia no Brasil trabalhavam normalmente durante 14 horas por dia. Em muitos casos, o trabalho ocupava 17 horas do dia. O intervalo para o almoço era de apenas meia hora. O comércio fechava entre nove e dez horas da noite. Eventuais erros eram punidos com rigor que chegava até a castigos físicos para os mais jovens. A semana tinha seis dias para trabalho e o domingo para descanso. Não remunerado. Não existia Previdência Social, muito menos direito à aposentadoria. Os acidentes de trabalho não eram indenizados. A mão de obra feminina era terrivelmente discriminada. E muito explorada também. Tanto que em 1907 as costureiras de São Paulo distribuíram manifesto protestando contra a absurda carga horária, já que elas tinham que ir para o trabalho às 7 horas da manhã e só voltavam para casa às 11 horas da noite. E as crianças que constituíam a metade da mão de obra operária, muitas com cinco ou seis anos de idade, costumavam ser espancadas pelos capatazes. (Continua na próxima edição deste jornal.)
JOÃO BATISTA DE MEDEIROS – Advogado trabalhista