“Propostas de arrocho significam verdadeira escravização dos frentistas” – afirma Guizellini

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Representantes do MINASPETRO (à esquerda) e representantes dos frentistas (à direita) na 7ª reunião da negociação coletiva de 2021, na sede do Sindicato patronal, em BH, no dia 15 de março de 2022.

 

Na última reunião entre o MINASPETRO e as entidades sindicais que representam os empregados dos postos de combustíveis de Minas Gerais, realizada na sede do Sindicato patronal, em Belo Horizonte, no dia 15 de março, o Sindicato patronal voltou a apresentar contraproposta considerada “inaceitável e até indecorosa” pelos representantes dos trabalhadores.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Juiz de Fora e Região – SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, “a dificuldade de acordo tanto na última reunião quanto nas seis reuniões anteriores só ocorreu porque o Sindicato patronal só apresentou contrapropostas inaceitáveis e até indecentes, que representam mais arrocho salarial, estando muito abaixo das nossas expectativas e não atendendo às mínimas necessidades dos trabalhadores”.

Tais contrapropostas patronais foram veementemente rejeitadas e até repudiadas por todos os representantes dos frentistas deste Estado por serem consideradas “propostas de arrocho que significam verdadeira escravização dos frentistas de Minas Gerais” – como afirmou Guizellini.

 

 


“Frentistas não podem sofrer mais arrocho, pois eles não são escravos de ninguém” – rebate sindicalista

Durante a reunião realizada no dia 15 de março, o MINASPETRO voltou a apresentar proposta de redução do adicional de hora extra dos empregados dos postos de combustíveis de Minas Gerais, baixando-o de 60% (percentual previsto na última Convenção Coletiva de Trabalho da categoria) para 50%, mesmo percentual previsto na Constituição Federal como garantia mínima.

No mesmo encontro presencial, que representou a sétima rodada da negociação referente à data-base de 1º de novembro de 2021, a entidade patronal apresentou também as seguintes propostas: acabar com a gratificação de férias prevista na última Convenção; restringir a gratificação de “quebra de caixa” de 10%, tornando-a um direito devido apenas pelos dias efetivamente trabalhados na função de caixa; aplicar o percentual equivalente a apenas 70% do INPC para trabalhadores com salários até R$ 1.999,00 e o percentual equivalente a apenas 60% do INPC para trabalhadores com salários acima de R$ 2.000,00 (ou seja, em vez da aplicação do índice integral do INPC, que foi de 11,08%, o reajuste salarial para quem recebe até R$ 1.999,00 seria de apenas 7,75%, e para quem recebe salários acima de R$ 2.000,00 o reajuste salarial seria de apenas 6,64%); aplicar o índice de apenas 7,75% para o reajuste do atual valor (R$ 134,67) da cesta básica de alimentos, que passaria, então, a ser de R$ 145,10; e estabelecer o valor de apenas R$ 100,00 para a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) da empresa.

Anteriormente, na quinta rodada de negociação, no dia 15 de fevereiro, o Sindicato patronal havia aumentado para 5,77% a sua proposta de 4,77% apresentada na quarta reunião, no dia 15 de dezembro, para o reajuste de todos os salários da categoria, o que também foi rejeitado pela bancada trabalhista.

Analisando as contrapropostas patronais, o presidente do SINTRAPOSTO-MG, Paulo Guizellini, afirmou: “Pelo visto, já deu para perceber que o Sindicato patronal quer impor mais arrocho em cima dos trabalhadores dos postos de combustíveis de Minas Gerais, mas nós não vamos aceitar isso de maneira nenhuma, pois os trabalhadores não são escravos de ninguém”.

Guizellini contou que achou “muito interessante” um trecho da fala do novo presidente do MINASPETRO, Rafael Macedo, eleito no dia 11 de março e presente na última reunião do Sindicato patronal com as entidades trabalhistas, no dia 15, quando, ao ser apresentado aos sindicalistas, ele afirmou que “não existe revenda sem trabalhador”. Segundo Guizellini, “o novo presidente do Sindicato patronal acertou em cheio, pois realmente a classe trabalhadora é a espinha dorsal de qualquer empreendimento empresarial, só que, logo em seguida, a comissão negociadora do MINASPETRO, destoando do significado da fala do novo presidente da entidade patronal, chegou ao cúmulo do absurdo de afrontar os trabalhadores dos postos de combustíveis ao propor a redução dos salários e a eliminação de direitos da categoria. Ora, quem reconhece o valor e a importância de uma obra não pode propor pagar mal ao obreiro, até porque Jesus Cristo disse que o obreiro é digno do seu salário, e quem é cristão tem que cumprir o que Cristo disse”.